segunda-feira, 27 de junho de 2011

MATRIX

Vivem numa redoma de vidro, que sabemos o quão é frágil.
Além de frágil, virtual, não existe.
Vivem dentro de um sonho absurdo.
Já viram que não dará certo, mas mesmo assim, se lançam de cabeça.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Um amor de amor

Somos um grupo, a bordo de um barco de pesca.
De repente, o barco leva um safanão.E o fino cabo de aço, espirrando água, retesa-se, como a corda de um violino.
Os quatro pescadores, homens batidos pelo sol e o vento, conversam aos gritos, em dialeto italiano. Arranjo uma posição para ver os lances finais da batalha. As roldanas começam a puxar o cabo, submerso na água escura. Pergunto:
- Será um peixe-espada?
Os olhos do pescador brilham, ao responder:
- Claro que é! E grande! Repare como uso o último dente da engreangem. Esse peixe é bravíssimo! Deve pesar 250 quilos de carne e 100 quilos de ódio!
A carretilha trabalha sem pressa e o pescador diz:
- Puxamos devagar, senão o peixe-espada escapa, mutilado, e vai morrer no fundo do mar. Esse, pelo jeito, é um macho. A fêmea deve estar furiosa, mordendo o cabo, tentando libertar o companheiro.
O rosto do velho pescador fica sério, e eu adivinho o que ele deve estar pensando. Que, lá no fundo do mar, está se desenrolando uma história de amor das mais tristes.
A uns vinte metros do barco, o prisioneiroaponta, fora d'água, parecendo um torpedo enlouquecido. Deve ter uns três metros e meio e, só de espada, tem um metro. O barco reduz a velocidade e o cabo é içado por um mastro. Mais um pouco e lá está o peixe-espada, lutando corajosamente, dependurado, do lado direito do barco.
Um pescador jovem, ágil, apoia-se na amurada e, com violento golpe de marreta, arrebenta a espada na base, quase na altura do animal condenado. Os movimentos cessam, e toda a força animal passa à uma massa inerte, sem vida.
- Mas, e a fêmea? Onde está a fêmea?
- Com certeza nõ está muito longe. Talvez esteja girando em torno do barco, a uns dez metros de profundidade. Ela já sabe o que aconteceu ao companheiro. Seu coração deve estar apertado de dor.
Os pescadores dizem que ela vai acompanhar o barco até o cais, entrando em águas que antes nunca se atrevera a entrar.
É assim que sempre acontece. O casal de peixe-espada vive e morre juntos. Se um morre de doença, o outro prefere ficar sem comer até morrer de inanição. Se é feito presa de um barco pesqueiro, o outro se entrega, chegando a pular para dentro do barco assassino.
Voltamos ao porto com a carga preciosa e os pescadores quebraram um hábito milenar, pegaram o macho e não trouxeram a viúva.
- Isto dá azar. É preciso pegar o casal. Existem pescadores que ficam dias no mar, esperando que a fêmea ou o macho se entregue ou se suicide.
Pegar só o macho ou a fêmea dá azar, e remorso também. O remorso de imaginar a dor do companheiro solitário, perdido no fundo do mar, chorando por causa do amor que não volta mais.
O mais velho dos pescadores, indiferente às manobras de atracação do barco, está lá na popa, com o olhar na noite que se derrama pelo mar.Ele sabe que a fêmea não cairá mais na isca.Ela odeia o barco, odeia a isca. Se tivesse tido tempo, preferiria se entregar.
Mas ela não se atirou ainda, não se atirará mais no barco que se apruma no paredão do ancoradouro.
Imagino a tristeza do pescador. Uma tristeza tão grande quanto a explosão de alegria que, de repente, sacode o barco.
- É a fêmea! - gritam os pescadores de uma só vez.
Eu também respiro, aliviado, e aml reparo nas lágrimas que, agora rolam pelo rosto do velho pescador. Ele se debruça e acaricia a carcaça do macho. E tenho a impressão de ouví-lo dizer:
"Está tudo bem agora, meu peixe-espada. Seu amor acaba de chegar."

terça-feira, 24 de maio de 2011

Mito grego

Nenhum mortal é feliz sem que o deus queira assim.
Quanta desigualdade no mundo dos mortais.
Uns se saem bem na vida, outros, porém, que honram
os deuses passam por dolorosos infortúnios.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

UFOLOGIA

A maior prova de que existe vida inteligente fora da Terra:
é que eles nunca nos procuraram.

SE O AMOR PUDESSE

Se o amor pudesse de repente compreender
Toda a loucura que um amor pode conter
Se ele pudesse, num momento de razão
Saber ao menos quanto doi uma paixão
Quem sabe o amor, ao descobrir a dor de amar
Partisse embora para nunca mais voltar
Mas me parece que uma prece ia nascer
Na voz daqueles que o amor mais fez sofrer
A lhe dizer que mais vale morrer de amor
Do que viver num paraíso sem amor!

SE O AMOR PUDESSE

terça-feira, 22 de março de 2011

Desapego

Falar em desapego parece que vamos jogar tudo fora, sair pelo mundo com uma mochila nas costas.
Não.
É mais profundo.
É, de repente, perceber que os excessos nos atrapalham.
Que temos coisas das quais não necessitamos.
E elas nos atrapalham, na jornada como seres humanos.
Não falo de nos privar do conforto, mas temos coisas que só juntam poeira.
E ficam mais pesadas de carregar.
É como insistir em um relacionamento, que já criou teias de aranhas.
Quando aprendemos a nos desapegar, a vida e as ideias ficam mais limpas, mais claras.
Brilho não existe no meio de poeira, nem no meio de mentes alienadas.
O mundo mudou, para a maioria é difícil aceitar.
Temos necessidade de liberdade, como o ar puro das florestas.
Quando as pessoas perceberem que a tranquilidade, a felicidade ou qualquer palavra que traduza liberdade, for mais importante que acumular bens, viveremos mais leves.
Encontraremos, enfim, a verdadeira essência para viver.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Mancha amarela

O sol pode ser uma mancha amarela.
O céu pode ter várias cores:
azul
cinza
rosa
chumbo
negro.

Pode ter todas as cores e formar o arco-íris.
As árvores e flores, várias tonalidades.
Animais minúsculos e grandes podem morar nelas.
As nuvens podem apresentar várias formas, depende da imaginação.
De como você olha, o que vê.
As cidades podem crescer, trazer conforto e desconforto.
As estradas nos levam para perto de quem amamos.
Mas...
No mistério da madrugada, o perfume invade o ar.