segunda-feira, 18 de outubro de 2010

LIBERDADE

Poema do poeta francês Paul Eluard

Nos meus cadernos de escola
Nas carteiras e nas árvores
Nas areias e na neve
Escrevo teu nome.

Em toda página lida
Em toda página em branco
Pedra papel sangue ou cinza
Escrevo teu nome

Em toda imagem dourada
E nas armas dos guerreiros
Ou nas coroas dos reis
Escrevo teu nome.

Na floresta e no deserto
Nos ninhos e nas giestas
Nos ecos de minha infância
Escrevo teu nome.

Nas maravilhas da noite
No pão branco da manhã
Nas estações em noivado
Escrevo teu nome.

Em todo farrapo azul
No tanque de água mofado
No lago da lua viva
Escrevo teu nome.

Nos campos e no horizonte
Nas asas dos passarinhos
E nos moinhos de sombra
Escrevo teu nome

Em todo sopro da aurora
No mar e em cada navio
Na montanha adormecida
Escrevo teu nome.

Na branca espuma das nuvens
Nos suores da tormenta
Na chuva densa e enfadonha
Escrevo teu nome.

Nas formas resplandecentes
Nos sinos de várias cores
Em toda verdade física
Escrevo teu nome.

Nos caminhos acordados
E nas estradas vistosas
Ou nas praças transbordantes
Escrevo teu nome.

Na fruta cortada ao meio
Do meu espelho e meu quarto
No leito concha vazia
Escrevo teu nome.

No meu cão guloso e terno
De orelhas que estão em guarda
Nas suas patas sem jeito
Escrevo teu nome.

Na minha porta de entrada
Nos objetos familiares
Nas ondas de fogo lento
Escrevo teu nome.

Em toda carne cedida
Na fronte dos meus amigos
Em cada mão que se estende
Escrevo teu nome.

Na vidraça das surpresas
E nos lábios sempre atentos
Bem acima do silêncio
Escrevo teu nome.

Nas ausências sem desejo
Na solidão toda nua
Nesta marcha para a morte
Escrevo teu nome.

Na saúde que retorna
No perigo que passou
Nas esperanças sem eco
Escrevo teu nome.

E ao poder de uma palavra
Reconheço minha vida
Nasci para conhecer-te
E chamar-te

LIBERDADE!...

*giesta: arbusto de poucas folhas,
de flores amarelas e perfumadas

Nenhum comentário:

Postar um comentário